“8 de março — Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida” publicado pela SOF (Sempreviva Organização Feminista), Alexandra Kollontai, dirigente feminista da revolução socialista escreveu sobre o oito de março, mas, curiosamente, desaparece da história do evento. Diz ela: “O dia das operárias em 8 de março de 1917 foi uma data memorável na história. A revolução de fevereiro acabara de começar”.
O fato também é mencionado por Trotski, dirigente da revolução na obra “História da Revolução Russa”. Sendo assim, as mulheres desencadearam a greve geral, saindo às ruas de Petrogrado em marcha contra a fome, a guerra e o czarismo. Declara o líder: “23 de fevereiro (8 de março), era o dia internacional das mulheres estava programado atos, encontros etc. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a revolução”.
Para a historiadora Renée Cote, durante as pesquisas em fontes dos movimentos feministas, assim como em jornais da imprensa socialista americana do começo do século XX, não há referências sobre uma greve de trabalhadoras americanas, manifestações de mulheres ou um dia da mulher.
Segundo ela, existiram greves e repressões de trabalhadores e trabalhadoras no final do século XIX até início do XX, mas nenhum desses eventos faz alusão a respeito da morte de mulheres em Nova York, eventualmente originando o dia de luta das mulheres.
Em 3 de maio de 1908, em Chicago, foi comemorado o primeiro Woman’s day, presidido por Lorine S. Brown, documentado pelo jornal mensal The Socialist Woman, no Garrick Theather, com a participação de 1500 mulheres. Este dia foi dedicado à causa das operárias, denunciando a exploração e a opressão das mulheres, mas defendendo, com destaque, o voto feminino, a autonomia e igualdade dos sexos. Em1909, o Woman’s day tornou-se oficial pelo partido socialista e organizado pelo Comitê Nacional de Mulheres, comemorado em 28 de fevereiro de 1909.
Independente da origem do dia, é preciso pensar no “oito de março” como uma data que nos remete aos séculos de lutas de muitas mulheres em todo mundo. De batalhas diárias e acontecimentos privados e cotidianos que talvez nunca façamos ideia que aconteceram.
Por isso, a importância do desenvolvimento também da chamada história regional, relatando e explanando acontecimentos que não tiveram uma proporção global, mas participam do caminho histórico da humanidade como qualquer outro acontecimento. No entanto, não podemos resumir tanto tempo de suor e lágrimas a um dia do ano. “Dia da mulher” é todo dia e a busca por direitos e dignidade não deve cessar.
. COTE, Renée. La Journée internationale dês femmes ou les vrais dates des mystérieuses origines du 8 de mars jusqu’ici embrouillés, truquées, oubliées: la clef dês énigmes .La vérité historique. Montreal: Les éditions du remue ménage, 1984.
. 8 de março — Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida” publicado pela SOF (Sempreviva Organização Feminista).
. CRUZ, Álvaro. O Direito à diferença. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2005.
. TROTSKY, Leon. Historia da Revolução Russa. São Paulo: Ed. Sundermann, 2007.