Heberto Padilla foi um grande escritor cubano e um dos mais relevantes poetas do século XX. Nascido em Puerta del Golpe, no ano de 1932, é conhecido por seus poemas, mas se propôs a escrever também alguns romances.
Entre suas obras poéticas de maior destaque estão Las rosas audaces (1949), Fuera del juego (1968), Provocaciones(1973), El hombre junto al mar (1981) e Un puente, una casa de piedra (1998). Já suas obras narrativas publicadas foram El buscavidas (1963), En mi jardín pastan los héroes (1981) e Prohibido el gato (1989).
Do ponto de vista literário, Padilla é analisado por estudiosos como um escritor de poemas conversacionais. Esse tipo de poema tem como característica o uso da linguagem coloquial, embora ela nem sempre apareça em todos os fragmentos, se apresentando como um diálogo entre a primeira pessoa com a terceira pessoa do singular.
Sua intenção pode ser informativa ou de alerta, revestida de alguns extra-elementos, como por exemplo, os que se fazem presentes nos textos de periódicos. Geralmente está intimamente conectada com a realidade política e social da sociedade da qual pertencem os personagens ou tema.
Padilla sempre esteve ao lado da Revolução Cubana, era um dos grandes apoiadores de Fidel Castro, justamente por isso dedicou alguns anos de sua vida para trabalhar e conhecer a União Soviética na década de 1960. Porém, em 1966 voltou de lá com uma outra visão sobre as ações desenvolvidas pelo governo soviético, desencantando-se com a esquerda.
No ano de 1968, o escritor cubano publicou uma obra chamada Fuera del juego. Nela, em tom crítico, relatava as mazelas do governo de seu país e reprova suas ações. O livro recebeu o Premio Julián del Casal, de la Unión de Escritores y Artistas de Cuba (UNEAC), por decisão unânime dos jurados.
No entanto, a direção da instituição pressionou os jurados para que o voto fosse modificado em uma reunião posterior e a publicação do texto vencedor fosse revogada. A decisão foi mantida, mas os diretores incluíram um nota relatando que o conteúdo do texto era ideologicamente contrario às intenções da Revolução.
Já muito criticado, em 20 de março de 1971, após o recital de sua nova obra Provocaciones na Unión de Escritores, foi preso juntamente com sua esposa, a poetisa Belkis Cuza Malé, sob a acusação de subversão contra o governo cubano.
O fato gerou revolta em intelectuais e escritores no mundo inteiro. Cartas e protestos foram realizados por figuras importantes da literatura como Jean-Paul Sartre, Julio Cortázar, Simone de Beauvoir, García Márquez, Marguerite Duras, Carlos Fuentes, Octavio Paz, Mario Vargas Llosa, entre tantos outros.
Além dos protestos, muitos escritores abandonaram os ideias revolucionários, como Octavio Paz, Mario Vargas Llosa, Susan Sontag, etc. O fator principal citado na maioria dos casos era de que o socialismo cubano já não garantia mais o respeito à liberdade de expressão e à dignidade dos escritores, assim também como o direito à crítica, que veio a garantir um dia.
Não bastasse isso, após trinta e oito dias de reclusão, Padilla foi obrigado a redigir e ler novamente na Unión de Escritores uma retratação chamada Autocrítica, em que renegava suas críticas feitas anteriormente.
Além disso, as declarações de depreciação, feitas por Fidel Castro sobre os intelectuais e a literatura no Congresso Nacional de Educación y Cultura, também 1971, levaram alguns escritores a crer que o socialismo já não permitia a possibilidade de justiça social e, de forma alguma, respeitava a dignidade dos indivíduos e muito menos a liberdade de imprensa.
Muito embora, ainda existisse outro fator relevante: a proibição de entrada em Cuba, por tempo indeterminado, imposta por Fidel Castro aos escritores latino-americanos que viviam na Europa.
Padilla tentou inúmeras vezes receber a permissão de Cuba para se exilar. Após pressão internacional e intervenção do senador americano Edward Kennedy em 1980, conseguiu partir para os EUA.
Manteve-se escrevendo, participando de encontros literários e políticos. Mas como sua esposa gostava de lembrar, desde a prisão, Padilla já não era o mesmo, principalmente porque o escritor passou a receber críticas também de opositores ao regime por ter se pronunciado contra o embargo econômico a Cuba na segunda metade de década de 1990.
Em 1995 Cuza Malé separou-se de Padilla. Com graves problemas de saúde, em 1997, sofreu um infarto, restringindo fortemente suas atividades literárias, embora tenha continuado a dar aulas. Em 25 de setembro de 2000, veio a falecer em Auburn, Alabama.