A Biblioteca de Nag Hammadi é uma coleção de textos gnósticos do cristianismo primitivo, mais precisamente, doze códices antigos do século IV, oito páginas de um décimo terceiro códice também do mesmo período, além de 52 tratados. Foi descoberto no alto Egito, perto da cidade de Nag Hammadi, em 1945.
Os textos nos códices estão escritos em copta (língua que prosperou por volta do século III no Egito, da família linguística camito-semítica ou afro-asiática), embora todos os trabalhos sejam traduções do grego.
Este conjunto de texto tem extrema importância para diversificados segmentos de estudiosos da história, além de contribuir para os estudos de religião, do cristianismo, é importante ressaltar a sua relevância sobre a produção de livros coptas e suas leituras, pois nos revela o conteúdo de muitas obras gregas perdidas e que foram preservadas em tradução copta.
Por volta do século II depois de Cristo, o bispo de Alexandria (não há informações precisas sobre o nome, no entanto Kedron, Primo, Justo, Eumênio, Marciano, Celádio, Santo Agripino, Juliano e São Demétrio foram bispos durante esse século — embora alguns autores considerem que a ordem foi dada por Atanásio de Alexandria, que veio a condenar o uso de versões não canônicas dos testamentos em suas Cartas Festivas de 367 d.C) ordenou que todos os documentos de caráter herético fossem destruídos, com grande relevância para aqueles cujo conteúdo fosse gnóstico (Gnosticismo: movimento religioso-questionador dos primeiros séculos do cristianismo, que levavam consigo muitos aspectos do misticismo e um raciocínio filosófico-especulativo).
No entanto alguns monges preservaram alguns escritos em papiro, escondendo-os num jarro de argila na base de uma grande penha chamada Djebel El-Tarif, que mais tarde descobertos, vieram compor a biblioteca da qual trata este texto.
Em 1945, então, um camponês chamado Mohammed Ali Samman encontrou o jarro enterrado que continha os códices de papiro protegidos por um material de couro. Especificamente, segundo o site oficial, os códices encontrados continham os textos sobre cinqüenta e dois tratados, em sua maioria gnósticos, além de três outros textos que pertenceriam a Corpus Hermeticum e, por fim, uma tradução parcial da A República de Platão.
Destaco ainda os textos O Evangelho da Verdade, O Tratado sobre a Ressurreição, A Exegese da Alma, O Evangelho de Felipe, O Evangelho de Tomé, O Apocalipse de Pedro, entre outros.
Apesar de esta descoberta ter ocorrido acidentalmente e haver questionamentos sobre a arbitrariedade da apresentação do conteúdo, os textos que compõe a biblioteca de Nag Hammadi contribuíram muito para os estudos acadêmicos sobre o Gnosticismo.
A tradução da biblioteca de Nag Hammadi, concluída em 1970, forneceu um impulso a uma grande reavaliação da história cristã primitiva e a natureza do Gnosticismo. No entanto, mesmo para leigos no assunto, o livro A Biblioteca de Nag Hammadi:
A tradução completa das escrituras gnósticas, de James M. Robinson, é uma excelente leitura para um conhecimento mais aprofundado sobre religião, gnosticismo e todo o contexto em que os códices foram produzidos e traduzidos.