O dia 18 de maio é reconhecido em todo o país por ser o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o que poucos sabem é o motivo desta data ser lembrada como esse dia de combate.
Foi no ano de 1973, no fatídico 18 de maio, que a menina Aracelli Cabrera Sanches Crespo, com oito anos de idade, foi assassinada violentamente na cidade de Serra, no Espírito Santo. Seu corpo foi encontrado seis dias depois, todo desfigurado e com claras marcas de abuso sexual nos fundos do hospital infantil Jesus Menino.
Não gostaria de citar nomes de envolvidos e acusados (inclusive é importante frisar que, infelizmente, todos saíram impunes de extrema barbárie), mas para quem se interessar por uma leitura rápida dos acontecimentos, recomendo lerem o “Caso Aracelli” no Wikipedia, pois é um artigo muito elucidativo.
No entanto — não bastasse todo sofrimento que a pobre criança veio sofrer, pois foi mantida em cárcere privado, ter sido drogada, estuprada e desfigurada com ácido, posteriormente, após autópsia realizada na cidade do Rio de Janeiro, peritos constataram que a morte fora causada por intoxicação exógena por barbitúricos, seguida de asfixia mecânica por compressão — todo o desenrolar desse fato resultou em mais assassinatos, impunidade e a certeza de que, famílias importantes e com dinheiro, podem livrar quaisquer criminosos que a componha, somando-se a isso a corrupção toda do sistema judiciário e policial.
Esse crime poderia ficar esquecido, não fosse José Louzeiro, o qual mesmo sem ter conhecido pessoalmente ou sequer lido um livro (até este momento), ganhou minha profunda admiração ao assumir a responsabilidade do seu papel dentro da sociedade, como escritor indignado com tamanha brutalidade.
Autor do livro Aracelli, Meu Amor, que conta em detalhes o desenrolar do caso, inclusive as versões dadas para o crime, relata que esse ato violento, produziu ainda catorze mortes, “queima de arquivo” envolvendo possíveis testemunhas, investigador e outros interessados em contribuir para a solução do crime.
Louzeiro mesmo foi vítima de tentativa de assassinato, enquanto investigava o crime em Vitória para produzir seu o livro. Recomendo, portanto, a leitura desta obra investigativa.
Enfim, gostaria de fazer uma melhor descrição do caso e também do livro, mas isso exigiria muitas linhas, o que não é a intenção deste espaço.
Ao menos, acredito ser importante relembrar esse acontecimento e despertar nos leitores o interesse por encontrar o sentido para as datas que hoje lembramos como dias de lutas ou comemorativas, que antes de nós, outros sofreram ou “viveram a história” para que hoje pudéssemos ter leis, direitos, entra tantas outras coisas, garantidas.
O crime cometido contra Aracelli ficou impune, mas contribuiu e muito para nos alertar a respeito dos direitos infantis, para o desenvolvimento de novas leis, para a aceleração de investigações e processos que envolvam a violação desses direitos, assim como as punições; embora tudo isso seja muito pouco, perto da possibilidade de viver que foi tirada de mais uma criança.